A sexualidade está presente em todas as fases do desenvolvimento humano, ou seja, desde a infância até a velhice. O que muda nesse processo são as formas de manifestação individual e de reação da família e da sociedade. Sendo ainda, que estas formas são diferentes, dependendo da cultura e da época.
Portanto, a precocidade diz respeito a manifestações adultas da sexualidade nas fases infantis. Essa inversão equivocada de modelo de manifestação adulta, na infância, pode trazer sérias conseqüências para o desenvolvimento psicossexual, uma vez que pode “queimar etapas” necessárias para uma vida infantil saudável com brincadeiras e jogos adequados à maturação psíquica e à descoberta do corpo e da sexualidade.
O que vemos atualmente é um excesso de estimulação precoce, que pode desencadear em uma confusão de papéis e uma banalização e vulgarização do sexo. Uma vez que, mesmo que haja a maturação física que permita vivências sexuais, não podemos dizer o mesmo da maturação psíquica para lidar com as emoções e conseqüências que envolvem escolhas referentes às atividades sexuais.
A estimulação sexual bombardeada diariamente pela mídia tem um grande peso no atual quadro, pois apresenta um cenário onde a erotização carrega um tipo de status, e causa uma pressão social, fazendo com que os jovens para se sentirem aceitos entre os pares, acabem seguindo esse modelo. Temos ainda o fato de o modelo familiar tradicional estar em decadência, assim, os valores também sofrem alterações. Essa transição constante, do modelo familiar na atualidade provoca uma instabilidade, quando não se tem informações suficientes para lidar com a educação sexual de forma madura e responsável.
Enquanto a criança e o jovem estão vivenciando o desenvolvimento psicossexual, estão também aprendendo a lidar com sentimentos de auto-estima, auto-aceitação e constituição da identidade. As vivências precoces podem levar a um entendimento distorcido da realidade, favorecendo assim, a formação de fantasias a respeito da sexualidade e, portanto, trazer malefícios para a formação da identidade e conseqüências negativas para a vida adulta.
Os pais devem participar de discussões que promovam a educação adequada para os filhos em cada fase do desenvolvimento. Devem se preparar para o diálogo e conscientizar os filhos acerca dos diversos aspectos que envolvem a sexualidade, sem repressões, mas com informações claras sobre as responsabilidades e conseqüências, para que a iniciação sexual ocorra de forma prazerosa, segura e no momento certo. Conversar com os filhos sobre sexo desde as primeiras dúvidas, pode ainda aumentar a intimidade e a afetividade entre si; abrir caminhos para que se possam conversar sobre tudo; informar corretamente, reduzindo as fantasias e a ansiedade delas decorrente; além de prevenir futura gravidez indesejável e contaminações por doenças sexualmente transmissíveis.
Pesquisas mostram que crianças esclarecidas tendem a ser mais responsáveis e a adiar o início de sua vida sexual, até que amadureçam e possam fazer uso de métodos contraceptivos e escolher o parceiro certo.
Atualmente é muito comum nos depararmos com adultos infantilizados, ou “adultescentes”, embora não possamos afirmar que essa situação seja conseqüência direta da precocidade sexual, podemos sim, pensar que este possa ser um dos fatores que contribui para tal comportamento.
Além disso, é fácil observarmos crianças adultecidas por influência da erotização precoce, através das roupas, linguagem e comportamento. Tais experiências podem influenciar à precocidade sexual, e assim, favorecer uma vida adulta de insatisfações, frustrações, e, por conseqüência, esse adulto pode vir a querer reviver a infância perdida.
Portanto, esse “adulto”, devido à baixa auto-estima, normalmente se mostra inseguro e carente e com grande probabilidade de apresentar disfunções sexuais, comportamentais e afetivas nos relacionamentos.