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Crise e Trauma

Trauma, segundo a etmologia se originou do grego traûma, traumatos, traumatismós, que significa “ferida”, “dano” ou “avaria”.

Na língua portuguesa, traumatismo é o nome dado para o transtorno que é provocado por um trauma, que significa uma lesão provocada no organismo por um agente externo.

Em Psicologia seu significado está relacionado a um dano emocional, em que os recursos internos de enfrentamento individuais se apresentam vulneráveis ao evento traumático, por serem percebidos como imprevistos e indesejáveis, podendo ser de origem violenta ou não, mas que causam dor e sofrimento mental, independente de seu conteúdo.

Nesse sentido, o trauma pode ser decorrente de alguma vivência de crise, sendo esta entendida como um momento de ruptura ou uma mudança de curso de um equilíbrio previamente estabelecido, desencadeando uma desorganização emocional devido a falhas nas estratégias de enfrentamento.

As crises podem ser desencadeadas por eventos precipitadores ou pelo significado que o indivíduo dá para a situação.

Quando as circustâncias nos colocam em situações imprevistas, a surpresa e a vivência de desamparo, provocam uma descontinuidade na percepção da vida, O futuro se apresenta vazio e o futuro congelado.

A expressão das vivências de crise é a angústia, com perturbações cárdio respiratórias, opressão, “nós” no estômago e garganta e um estado geral de hiper-concentração muscular. O corpo fica tenso, como preparado para enfrentar ou fugir do perigo;

Os eventos podem gerar um quadro de Transtorno de Estresse Agudo que pode desaparecer, se tratado rápida e adequadamente, ou evoluir para um Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

O conceito de trauma vem sendo readequado, sendo atualmente fundamentado na situação de vi¬vência ou testemunho de situações catastróficas ou ameaçadoras, podendo enquadrar-se como decorrente de situações cotidianas responsáveis por reações de intenso medo, impotência ou horror.

Portanto, o trauma psicológico é decorrente de uma experiência subjetiva, onde cada um pode vivenciar à sua maneira o sentido da experiência traumática, dependendo de fatores como estruturas de enfrentamento, grau de sensibilidade e capacidade de exposição a dores e frustrações.

O trauma é marcado pela incapacidade e impotência de reação a ele de maneira adequada, pela sua intensidade e pelos danos que ele provoca. Ele pode ser natural, acidental ou intencional. E pode deixar cicatrizes emocionais profundas.

O transtorno de estresse pós traumático (TEPT), possui características de revivência do trauma, esquiva, entorpecimento emocional e hiperestimulação autonô¬mica.
O evento traumático pode ser revivido pelas memórias, sonhos, sofri¬mento psicológico e reatividade fisiológica diante de estímulos relacionados ao trauma. Em caso de even¬tos traumáticos, ocorre um pareamento da memória sensorial, ativando o sistema nervoso simpático, como um mecanismo de defesa e alerta, associado a sensações de intenso estresse e sofrimento.
Podem ocorrer flashbacks, decorrentes do armazenamento da memória sensório-corporal e emoções relacionadas a situação traumática, além do surgimento de “falsas memó¬rias” e generalização, decorrentes desta dissociação.
As experiências traumáticas afetam a percepção, a memória, a concentração, o pensamento e o julgamento das situações, podendo gerar crenças distorcidas, estratégias de enfren¬tamento e esquemas não adaptativos, responsáveis por pensamentos automáticos disfuncionais e afetos negativos.

No contexto em que vivemos as situações denominadas “crise” tomam uma dimensão cada vez maior: crise econômica, crise política, crise mundial, crise de valores, crise existencial.

No entanto, precisamos ter consciência de que onde há vida há crise, de nascimento, de crescimento, de madureza de velhice e a grande crise da morte.

Precisamos fazer das crises, momentos de ressiginificação, resiliência, aprendizagens e superação. Pessoas resilientes têm maior capacidade de enfrentamento e conseguem resistir emocionalmente de maneira mais equilibrada às experiências de crises. Ou seja, precisamos aprender a lidar com as crises, pois estamos todos predispostos a passar por elas em algum momento de nossas vidas.